PARA REFLETIR!!!
É natural que, adolescentes e jovens
em certo momento se perguntem: “Que buscarei para minha vida futura? Que ideais
e porque caminhos me convém ir?” Além de investigar nos livros de estudos,
certamente muitos deles observam as pessoas concretas como exemplos possíveis
de ser imitadas.
A respeito, uma
das passagens bíblicas que me impressionam por seu realismo e espontaneidade
começa com uma pergunta, segue com um convite e uma breve convivência. Expressa
uma pedagogia eficaz, que respeita profundamente a liberdade de quem procura
recorrer seu próprio caminho.
- “Que
buscais?”, pergunta Jesus a dois jovens, perto do rio Jordão.
O que se em
seguida se pode denominar, com razão, uma “aula de mestre”.
Os jovens de
hoje querem saber como vivem os “mestres”, tem interesse em particularidades
das pessoas que lhes produzem admiração. No meio desta curiosidade, há uma
busca da realidade mesma (coerência, verdade, sinceridade) do “ídolo” que
supera as aparências.
A satisfação de
busca destes jovens é mais completa quando o que é “desvelado” o é de maneira
personalizada, sem artifícios Justo aí, ocorrem excelentes provas vocacionais:
os jovens, que já não suportam farisaísmos, são capazes de rechaçar ou abraçar
para si mesmos este ou aquele modo de vida.
Deus é quem chama
e constitui seus ministros para a evangelização e a cura de almas na Igreja. É
também claro que “os sinos dos projetos terrenos” são muito forte nos ouvidos dos batizados, obstruindo ou obnubilando muitas vezes a “vox Dei” que está na
brisa mansa (1Rs 19,12). Os espaços sociais carecem de silêncio, de meditação e
“sintonia” para escutar o chamado divino; ao menos falta o silêncio
interior. Porém Ele, como dono da Vinha, não a abandonará sem operários, Sua
generosidade no chamamento se manifesta de múltiplas formas.
No processo de
resposta à vocação ministerial não é estranha a presença de um mestre que,
muito de perto, é como uma seta indicando a meta. Josué teve a Moisés como
mestre, Samuel a Eli, Timóteo a Paulo… e assim por diante. O papa Paulo VI disse
que o mundo moderno ouve mais às testemunhas que aos pregadores. João Paulo II
reafirma a importância desse testemunho (PDV. 39), e é este o
tema da mensagem de Bento XVI para o dia do Bom Pastor.
Eu tive a graça
de contar com uma pessoa equilibrada, simples e orante em meus primeiros passos
vocacionais. Ainda adolescente, me dispus a acompanhar-lhe algumas vezes em
seus trabalhos de assistência às comunidades. Nestas oportunidades, mais que
por suas palavras, me fez ver sua fidelidade e dedicação às pessoas sem esperar
nada em troca, sempre disponível a ouvir e orientar sem arrogância sem pressa,
sem elucubrações O referido sacerdote, ordenado por João Paulo II em 1980, não sabe o bem que me fez em seus “ silêncios”, em suas aulas “práticas”.
Em minhas atividades pastorais
como seminarista sempre falei da vocação sacerdotal; como reitor do Seminário
Menor procurei acompanhar aos vocacionados através de visitas às suas famílias, colégios e paróquias. Hoje -suponho- haverá algum deles (sacerdotes) para o
qual aquelas visitas terão tido um significado positivo em sua decisão mais
que minhas palavras.
Evidentemente há
muitos modos de chamamento ao sacerdócio ministerial, mas este processo, por
assim dizer, “personalizado”, é evidente nas Sagradas Escrituras, e um dos mais
eficazes na Historia da Igreja, até o dia de hoje. Se há sacerdotes que não vivem sua vocação muitos mais são os que a vivem com intensidade de amor
indiviso.
Creio que, nós
sacerdotes, não devemos aparecer como uns “desencarnados” da realidade,
angélicos ou artistas: fizemos uma opção pela qual entregamos a vida, sem temer
a transparência de nossa humanidade, de nossos sentimentos, hábitos e limitações Em tudo isto também haverá sinais de nossa configuração com Jesus
Cristo a quem seguimos. O fundamental é que não nos falte amor e doação sincera
ao que elegemos como ocupação neste mundo (Rm 8,35).
Então, queremos
apresentar nossa “casa” aos jovens que perguntam: “Onde vives?”. Abrimos nossa
porta para que vejam de perto em que consiste o “ mistério” que envolve nosso
“ ministério”: estar no mundo sem ser do mundo. Que descubram eles mesmos a
fonte de nossa alegria. Ao menor gesto de interesse, queremos dizer-lhes:
“Vinde e vereis”.
Deixaremos que
falem nossas ações, não nos distanciaremos; nossa vocação não é de “Mito”: em
algum momento e sempre, o simulacro desaparece, e fica o que é. Na convivência com um ou outro jovem, já não seremos nós quem falaremos e sim Aquele em quem
procuramos nos configurar. E, se algo em nós, mui humano e pouco divino, aparecer
nesta aula prática não será motivo de susto para quem também viveu a
circunstancia da debilidade. Não lhes passará despercebido nosso empenho na
“messe” e, sobretudo, o encantamento que dedicamos ao Senhor. E além disso, o
Espírito Santo –protagonista maior- fecundará a boa semente nos jovens que buscam
definir suas futuras ocupações.
(Pe. Crésio Rodrigues / Direito
Canónico em Pamplona-España).