O ministério, caminho de santificação - parte 2
Por Cadeal Piacenza.
À luz do que acabo de expor, compreendemos, portanto, como o ministério deve ser apresentado, acolhido e vivido. O Santo Padre Bento XVI, mais de uma vez, e de forma muito clara, por exemplo na Deus caritas est, reiterou a urgência de que seja superada qualquer redução funcionalista e ativista da ação eclesial e, em especial, do ministério sacerdotal.
A especificidade da vocação sacerdotal, essencial e insubstituível na vida e na própria identidade da Igreja – e é preciso que digamos isto, diante de não poucos atentados à identidade e, por conseguinte, ao ministério pastoral dos presbíteros –, postula como conseqüência lógica a especificidade do caminho de santificação que, mediante o exercício do ministério, cada sacerdote é chamado a realizar.
Também nesse sentido, voltamos a descobrir a centralidade da Eucaristia: fonte e ápice de todo o ministério sacerdotal, ela é também centro propulsor da vida moral e da santificação do clero.
Celebremo-la com a surpresa grata de uma criança, com a consciência profunda de um místico, com a preparação cuidadosa de um apaixonado, no silêncio orante de quem tem consciência de se encontrar a serviço de Deus, desejando quase desaparecer, “diminuir para que Ele cresça” (cf. Jo 3,30).
Que o ministério, portanto, não seja distinto da vida do sacerdote, o qual, em qualquer atividade que realiza, deve manter sempre um estilo sacerdotal, como se estivesse sempre no estrado do altar: no trato humano, na linguagem, nos próprios hábitos, que expressam uma maneira de pensar e de agir específicos, ao agir constantemente segundo os critérios do Bom Pastor, que oferece a si mesmo pelas ovelhas, que nunca é um mero administrador ou, pior, um mercenário, que é capaz de atrair as ovelhas para o aprisco da santa Igreja.
Um trato humano como esse não nasce de um esforço improvisado, mas da consciência, devidamente educada, de ser, por pura graça e misericórdia divina, um alter Christus que caminha pelas estradas do mundo.
Esse é o sacerdote e essa é a verdadeira pastoralidade!
Trata-se de não ceder às modas e aos gostos do tempo e dos homens, de não segui-los até mesmo no pecado, pessoal e social, mas de cuidar das ovelhas, com particular atenção às que estão dispersas e doentes, partindo do desejo ardente de que todos conheçam a Cristo, único verdadeiro Salvador da história do homem, e de que, ao mesmo tempo, as fronteiras visíveis da Igreja se dilatem até os extremos confins do mundo.
Todos os homens estão “destinados a fazer parte do aprisco de Cristo”. O sacerdote se torna santo quando age nessa direção, vivendo, sofrendo e se oferecendo para que todos aqueles que lhe são confiados e que encontra, por meio de seu ministério e de seu trato humano, possam fazer uma verdadeira experiência de Cristo.
Um sacerdote como esse não se pode refugiar na solidão ou no isolamento, não pode pensar que atingir a idade canônica da aposentadoria signifique deixar de operar pelo bem das almas.
O sacerdócio, mesmo do ponto de vista sacramental, modifica ontologicamente a identidade de quem o recebeu. Portanto, a pessoa é sempre sacerdote, até mesmo depois da morte!
Nenhum ministério, nem o mais teologicamente qualificado, admitido que se trate de sã teologia, poderá substituir o do sacerdote.
Eduquemos a essa consciência! Renovemos nosso pertencer a Cristo e o amor incansável pela Eucaristia, que nos foi doada a graça de celebrar.
Amemos o confessionário, como lugar, como serviço, como identificação a Cristo misericordioso, doador do amor trinitário.
Que Bem-aventurada Virgem Maria, mãe dos sacerdotes, proteja nosso caminho de santificação, reforce nossa consciência de sermos outros filhos seus e, com sua onipotência suplicante, doe à Igreja uma nova grande estação de florescimento vocacional e de sacerdotes santos.
Parece-me que o céu, nesse sentido, começa a despontar.Confessionário do Cura D'Ars
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