29 de set. de 2011

Reminiscências do Ano Sacerdotal

          
Reminiscências do Ano Sacerdotal

    Durante o ano de 2009 o Papa Bento XVI, por ocasião do 150º aniversário natalício de São João Maria Vianney, Patrono dos párocos, proclamou solenemente um ano Sacerdotal (2009-2010). “O sacerdócio é o amor do coração de Jesus”, disse o Papa recordando as palavras do Santo Cura D’Ars, colocando-o como referência deste Ano e, exemplo, não só dos párocos mas de todos os sacerdotes do mundo.
              Em sua Carta de abertura do Ano Sacerdotal, cita a grandeza do sacerdócio na visão do Santo patrono: Oh como é grande o padre! (…) Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria. (…) Deus obedece-lhe: ele pronuncia duas palavras e, à sua voz, Nosso Senhor desce do céu e encerra-se numa pequena hóstia”. E ao explicar aos seus fiéis a importância dos sacramentos, dizia: “Sem o sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor. Quem O colocou ali naquele sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa alma no primeiro momento do ingresso na vida? O sacerdote. Quem a alimenta para lhe dar a força de realizar a sua peregrinação? O sacerdote. Quem o há de preparar para comparecer diante de Deus, lavando-a pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer [pelo pecado], quem a ressuscitará, quem lhe restituirá a serenidade e a paz? Ainda o sacerdote. (…) Depois de Deus, o sacerdote é tudo”!(...)
               Com profunda convicção, o Papa recorda-nos trechos da vida deste Santo, sobretudo dos momentos em que servia a Deus em seus paroquianos, na pequena Ars, aldeia incrédula e tão distante de Deus. Soube insistentemente mostrar a Pessoa do próprio Cristo, sobretudo em muitas horas que atendia a confissão, no carinho com que tratava os doentes ao visitá-los, pelo zelo com que ensinava as verdades da fé às crianças que se preparavam para a Primeira Eucaristia, na piedade e temor com que celebrava a Santa Missa, oferecendo-se em sacrifício pela salvação de seus fiéis: “Como faz bem um padre oferecer-se em sacrifício a Deus todas as manhãs”! Organizava missões, arrecadava fundos para suas obras caritativas, embelezava a sua Igreja e dotava-a de alfaias sagradas. Sobretudo, ensinava a seus paroquianos o amor e o respeito por Jesus na Eucaristia, despertava com seu exemplo o gosto pela oração, pelo jejum e pelas práticas devocionais como o Rosário. Fiel devoto da Santíssima Virgem soube muitas vezes recorrer a sua Imaculada intercessão para conduzir e educar o seu povo, para permanecer fiel em meio aos devaneios de Ars.
           Também nos recorda a magnífica Carta Encíclica Sacerdotii nostri primordia, publicada em 1959 pelo Saudoso Papa João XXIII no centenário da morte do Cura D’Ars, em que cita os três conselhos evangélicos: Pobreza, Obediência e Castidade, presentes na vida do Cura D’Ars. Viveu ele, segundo suas condições de Presbítero a pobreza, quando sabia arrecadar os donativos e do mesmo modo, dá-los aos seus pobres, as famílias necessitadas, e as suas obras sócio-caritativas, sendo desapegado para si e interessado pelos outros. Viveu a castidade, como se requeria a um sacerdote, pelo seu exemplo a ações do dia-a-dia. Seus fiéis percebiam seu olhar casto, e ao mesmo tempo sua paixão por Cristo e por sua Igreja. Também viveu a obediência, quando aceitou o encargo de guiar Ars, e obediente, fazia o máximo para isto.
             Não demorou muito para a fama do “Santo Cura de Ars se espalhar por toda a França. Ars se tornou como muitos diziam “Um hospital de almas”. “A graça que ele obtinha, [diz o Papa], era tão forte que iam a sua procura sem lhes deixar um momento de trégua”! Acrescenta ainda a humildade com que instruía e a força com que se deixava conduzir. E é esta força que deve ser a torrente que conduz o múnus sacerdotal de cada sacerdote “Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina”. Ele deve ser mediador, ser a ponte que conduz o homem a Deus, à sua redenção. “Com a Palavra e os Sacramentos do seu Jesus, João Maria Vianney sabia instruir o seu povo, ainda que frequentemente suspirasse convencido da sua pessoal inaptidão a ponto de ter desejado diversas vezes subtrair-se às responsabilidades do ministério paroquial de que se sentia indigno, mas com exemplar obediência, ficou sempre no seu lugar, porque o consumia a paixão apostólica pela salvação das almas”.
       O Ano Sacerdotal proporcionou a toda a Igreja, inspirada pela vida do Cura D’Ars e guiada pela ação do Espírito Santo uma maior edificação de sua vocação, como povo profético e sacerdotal. Deixemo-nos levar pela Voz de Cristo, Bom Pastor para que sejamos realmente, e coerentemente, verdadeiros construtores do Reino do Senhor.

Por: André Canhassi - Vocacionado do Curso Propedêutico Sant'Ana - Diocese de Amparo

28 de set. de 2011

Papa fala aos Seminaristas

Papa aos seminaristas: fidelidade à vocação é possível“Se Deus quer a vocação, é Ele quem a sustenta”
              ROMA, terça-feira, 27 de setembro de 2011 (ZENIT.org) – Ainda que o mundo mude, é possível permanecer fiel à vocação sacerdotal: esta foi a mensagem do Papa no último sábado, em um discurso espontâneo a cerca de 60 seminaristas, com quem teve um encontro na capela do seminário de Freiburg.
           Este era o único discurso, de todos os que o Pontífice pronunciou na sua viagem apostólica à Alemanha, que não foi escrito previamente.
           Em resposta às inquietudes dos seminaristas, o Papa explicou qual é o significado do tempo que um aspirante a sacerdote passa no seminário. Para isso, tomou uma passagem do Evangelho de Marcos sobre a instituição dos Doze, que reflete uma dupla vontade de Jesus sobre seus discípulos: “estar com Ele” e “ser enviados” a uma missão.
           A contraposição entre ambas as vontades é só aparente, explicou o Papa aos jovens: “Como sacerdotes, devemos sair aos múltiplos caminhos nos quais os homens se encontram, para convidá-los ao seu banquete nupcial. Mas só podemos fazer isso permanecendo sempre junto a Ele”.
“E aprender isso, esse sair, ser enviados, permanecendo junto a Ele, é – acho – precisamente o que temos de aprender no seminário.”
           Outro dos elementos fundamentais do seminário, acrescentou Bento XVI, é “aprender a confiança” em Cristo, aprender a confiar-lhe a própria vocação: “Se Ele a quer realmente, então posso me confiar a Ele”.
           Se Cristo quer essa vocação, Ele não a deixará morrer, disse o Papa: “Se Ele me ama, então também me sustentará; na hora da tentação, na hora do perigo, estará presente e me dará pessoas, me mostrará caminhos, me sustentará”.
           O Papa sublinhou também dois outros aspectos da vida do seminário: o da importância de aprender a viver “com a Palavra” e o de aprender o que significa “ser Igreja”.
Com relação ao primeiro aspecto, disse que a chave para poder escutar Cristo é “aprender a escutá-lo de verdade – na Palavra da Sagrada Escritura, na fé da Igreja, na liturgia da Igreja – e aprender o hoje em sua Palavra”.
           Se a pessoa vive com a Palavra, percebe que ela “não está longe, em absoluto, mas que é atualíssima, está presente agora, refere-se a mim e refere-se aos outros. E então aprendo também a explicá-la. Mas, para isso, é preciso um caminho constante com a Palavra de Deus”.
Com relação a aprender a ser Igreja, o Papa sublinhou que somente no “nós” é possível crer em Cristo.
           “São Paulo escreveu que a fé vem da escuta, não da leitura. Precisa também da leitura, mas vem da escuta, isto é, da palavra vivente, das palavras que os outros me dirigem e que posso escutar; das palavras da Igreja através de todos os tempos, da palavra atual que esta me dirige por meio dos sacerdotes, bispos, irmãos e irmãs”, afirmou.
           “Nós somos Igreja: sejamos Igreja! Sejamos Igreja precisamente nesse abrir-nos e ir além de nós mesmos; sejamos Igreja junto aos outros.”
             Por último, o Papa falou aos seminaristas sobre a importância do estudo e da boa formação.
            “Nosso mundo hoje é um mundo racionalista e condicionado pela cientificidade.” Diante disso, a fé “não é um mundo paralelo do sentimento, que nos permitimos além disso como um 'plus', mas é o que abraça o todo, lhe dá sentido, o interpreta e lhe dá também as diretrizes éticas interiores, para que seja compreendido e vivido frente a Deus e a partir de Deus”.
            Por isso, o Papa sublinhou a importância de “estar informados, compreender, ter a mente aberta, aprender”.
             Ainda que as modas filosóficas mudem, concluiu o Papa, “não é inútil aprender estas coisas, porque nelas também há elementos duradouros. E sobretudo, com isso aprendemos a julgar, a acompanhar mentalmente um raciocínio – e a fazê-lo de forma crítica – e aprendemos a fazer que, ao pensar, a luz de Deus nos ilumine e não se apague”.
           “Estudar é essencial: somente assim podemos enfrentar a nossa época e anunciar-lhe o logos da nossa fé”, acrescentou.
Fonte: ZENIT