25 de fev. de 2011

Artigo de Dom Pedro Carlos para o Blog da Pastoral Vocacional


VOCAÇÃO SACERDOTAL: CHAMADO PARA EXERCER UM SERVIÇO DE AMOR

Dom Pedro Carlos Cipolini
Bispo Diocesano de Amparo/SP



            Santo Agostinho escreve que o sacerdócio é um serviço de amor (amoris officium)
[1]porque é um serviço de pastor, é gastar a vida no zelo pelo rebanho que é o povo de Deus. A caridade pastoral é a pedra de toque da vida sacerdotal bem vivida, constitui o eixo da espiritualidade do padre diocesano e também a nota característica da nova evangelização: “Evangelização nova em seu ardor supõe fé sólida e caridade pastoral intensa...”[2]. Deste modo, quem sente no íntimo do coração o chamado de Deus para seguir a vocação sacerdotal deve se preparar para o serviço de amor ao próximo no seguimento de Jesus, ou seja, na entrega da vida. Há necessidade de um período relativamente longo de preparação.

          Esta preparação vai exigir um discernimento contínuo durante o tempo de formação que inclui a vida no seminário, estudo na faculdadede filosofia e teologia, trabalho de estágio pastoral, etc. Discernimento para descobrir a vontade de Deus a respeito da própria vocação, e discernimento para perceber até que ponto, está correspondendo com sinceridade aos sinais que Deus aponta no íntimo do coração. “Discernir é separar, selecionar, interpretar e julgar, para escolher e decidir”
[3].

         Há hoje um conflito entre vida como projeto pessoal e vida como vocação. A vida como projeto pessoal coloca o acento na liberdade da pessoa para fazer o que lhe apraz, e a vida como vocação coloca a pessoa diante do mistério de um chamado que faz do homem interlocutor de Deus. Daí surge o desafio de harmonizar e relacionar o projeto pessoal com o chamado de Deus. O período de discernimento tem como objetivo mostrar que a liberdade pode ser colocada a serviço da causa do Evangelho, e a vida pode ser descoberta como dom e missão. A vocação é dom do Espírito Santo, o vocacionado deve aprender a discernir com ajuda da comunidade, daqueles que a Igreja coloca tendo a missão de ajudar no processo de discernimento e de formação. São pessoas que tem o “ministério da orientação”, pessoas espirituais que vão ajudar perceber a qual é a vontade de Deus.

        Daquele que se sente chamado ao sacerdócio, o período de discernimento e formação vai exigir muita atenção, disponibilidade e sensibilidade, para perceber os sinais que serão emitidos a partir do interior. Nesta situação a vida de oração, a espiritualidade é essencial para iluminar todo o processo de formação em todas as suas dimensões. “A voz do Senhor que chama não deve ser esperada de forma nenhuma, como algo que vá chegar de modo extraordinário aos ouvidos do futuro presbítero. Pelo contrário deve ser entendida e distinguida por meio dos sinais que diariamente se dão a conhecer aos cristãos atentos, prudentes”.
[4]

          Todo jovem chamado ao seguimento de Jesus na vida sacerdotal, recebe uma grande graça de Deus, mas ao mesmo tempo esta graça, este dom é exigente. É um chamado que impõe condições novas de vida, que faz o vocacionado diferente dos outros e isto às vezes pode pesar. Já no Antigo Testamento se enfatiza a separação, mesmo a respeito de familiares (Gn 12,1; Is 8,11; Jr 12, 6; 1Rs 19,4). Jesus vai também ser exigente (Lc 9, 23-24). O seguimento radical de Jesus exige a opção precisa de perder a vida no dom de si: “é morrendo que se vive”. Esta é a experiência profunda que o jovem chamado ao sacerdócio deve conseguir fazer, para ter paz durante o exercício de seu ministério e não ficar à mercê de uma imaturidade que nunca termina, com seu corolário de indecisões, meias verdades e decisões incompletas.[5]

          Durante o período de formação para o ministério sacerdotal, muitos serão os elementos que vão ajudar o seminarista a consolidar sua vocação e adquirir aquela certeza de ter sido chamado, aquela intimidade com Jesus Cristo , que vai sustentá-lo por toda a vida. Gostaria de destacar aqui três elementos que julgo fundamentais, faço-o a partir da sinalização que nos dá o Concílio Vaticano II. “Ao afirmar o primado da evangelização, o Vaticano II propõe ao presbítero uma espiritualidade apostólica, profética e missionária, não só voltada em primeiro lugar para o culto e a vida interna da Igreja, mas para a missão no mundo e a convivência fraterna com os leigos (cf. PO n. 9)”[6]. Lembremo-nos que somos hoje recordados de que a Igreja é missionária por sua natureza e quer responder aos desafios de hoje estando em permanente estado de missão: “A Igreja deve ir ao encontro de todos com a força do Espírito”.[7]

         Em primeiro lugar sinalizo o amor à Palavra de Deus. Quem se sente chamado ao ministério presbiteral deve ser um apaixonado pela Palavra de Deus, pois será o “homem da palavra”. O papa Bento XVI deixa bem claro a necessidade de se apresentar a Palavra de Deus aos jovens vocacionados e seminaristas como sendo fonte de firmeza e sabedoria: “Autênticas vocações para a vida consagrada e para o sacerdócio encontram seu terreno propício no contato fiel com a Palavra de Deus (...) Queridos jovens não tenhais medo de Cristo! Ele não tira nada, e dá tudo. Quem se entrega a Ele, recebe o cêntuplo”.[8] O papa recorda ainda que o estudo destes livros sagrados deve ser como afirma o concílio Vaticano II, a “alma da teologia”.[9] O padre é profeta a serviço de um povo de profetas. Sem conhecer e assimilar a Palavra de Deus, o padre corre o risco de pregar a si mesmo e cair na mediocridade.

          É a partir da Palavra de Deus lida, refletida, meditada e rezada, que se fortalece o amor a Jesus Cristo que é a seiva da árvore da vocação sacerdotal. Ele é a suprema revelação de Deus: “Se eu te falei já todas as coisas em minha Palavra, que é meu Filho, e não tenho outra palavra a revelar ou responder que seja mais do que ele, põe os olhos só nele; porque nele disse e revelei tudo, e nele acharás ainda mais do que pedes e desejas”.
[10]

          Em segundo lugar sinalizo o amor à Eucaristia. A Eucaristia é fonte e ápice de toda a evangelização, é o centro da Assembléia Eucarística, o centro da comunidade de fiéis presidida pelo presbítero.[11] Sem a Eucaristia e a vivência do mistério eucarístico impregnando a sua vida, o presbítero não vai perceber a dimensão comunitária da Igreja, não vai captar a Igreja como mistério de comunhão, poderá ser um diretor de consciências, conselheiro atento à vida íntima das pessoas. Porém, o múnus de pastor não se reduz ao cuidado individual dos fiéis, mas abarca a formação da comunidade cristã. “Não se edifica no entanto, nenhuma comunidade cristã se ela não tiver por raiz e centro a celebração da Santíssima Eucaristia: por ela há de se iniciar por isso toda educação do espírito comunitário”.[12] O padre é sacerdote a serviço de um povo sacerdotal. Sem o gosto pela liturgia, cujo cume é a celebração Eucarística, haverá sempre o risco de se tornar um “funcionário do culto” e podendo ser fonte de desilusão para o povo de Deus.

           Há um contraste entre o fixismo e absolutização de expressões litúrgicas, de um lado e o descuido e ignorância das normas litúrgicas de outro. Recordo aqui o que escreve o Papa Bento XVI sobre a Eucaristia e a evangelização das culturas: “A Eucaristia torna-se critério de valorização de tudo o que o cristão encontra nas diversas expressões culturais”.
[13] Assim, é necessário que o presbítero tenha cuidado, zelo e atenção às normas liturgias, mas também que tenha abertura para o que nos ensina ainda o papa Bento XVI ao discorrer sobre Bíblia e inculturação: “A aculturação ou inculturação será realmente um reflexo da encarnação do Verbo, quando uma cultura, transformada e regenerada pelo Evangelho produzir na sua própria tradição expressões originais de vida, de celebração, de pensamento cristão”.[14]

           Em terceiro lugar o amor ao Reino de Deus que exige o empenho para a construção de uma sociedade justa e fraterna. Sem alçar o olhar para o que os Evangelhos indicam como Reino de Deus, corre-se o risco de uma excessiva espiritualização do ministério presbiteral que, não raro, desemboca no fanatismo ou na idolatria de lideranças. O Catecismo da Igreja Católica aponta a Doutrina Social da Igreja como “o desenvolvimento orgânico da verdade do Evangelho sobre a dignidade da pessoa humana e sobre sua dimensão social. Ela contém princípios de reflexão, formula critérios de juízo e oferece normas e orientações para a ação em favor do Reino de Deus”.[15]

          O Papa João Paulo II foi firme na doutrina, mas não menos firme em apontar a necessidade do empenho social da Igreja, na busca de defender os princípios de uma ética evangélica que trabalhe pela promoção integral da vida
[16]. Sua preocupação com a justiça social nos legou o Compêndio da Doutrina Social da Igreja no qual podemos ler: “Não menos relevante deve ser o esforço por utilizar a doutrina social na formação dos presbíteros e dos candidatos ao sacerdócio os quais, no horizonte da preparação ministerial, devem desenvolver um conhecimento qualificado do ensino e da ação pastoral da Igreja no âmbito social e um vivo interesse pelas questões sociais do próprio tempo”.[17] A Congregação para a Educação católica ofereceu indicações e disposições precisas para a correta e adequada programação do estudo da Doutrina Social da Igreja por parte dos seminaristas.[18] O padre é rei/pastor a serviço de um povo real de pastores.

          Esta tria munera, que são características, mas também tarefas da Igreja, povo de profetas (Palavra), sacerdotes (Eucaristia) e Reis/Pastores (Paixão pela justiça do Reino) devem ser plasmada na vida e na consciência daqueles que estão se preparando para assumir o ministério presbiteral na Igreja. Um processo formativo mal conduzido, pode tender o formando a fixar-se somente em um destes itens. Ou privilegiando um em detrimento do outro o que produzirá padres desequilibrados no exercício de seu ministério: alguns querem se dedicar somente à Palavra conforme a tradição protestante. Outros com atenção somente para a liturgia e sacramentos conforme a tradição da reforma tridentina e outros ainda somente se ocupando da dimensão ética e social da fé caindo muitas vezes na tentação do secularismo.

          Quero concluir esta reflexão sobre vocação e formação dos futuros presbíteros recordando as palavras do apóstolo Pedro a Jesus: “Tu sabes tudo Senhor, Tu sabes que eu vos amo” (Jo 21, 15-17). É o amor profundo por Jesus, Palavra encarnada, Palavra que se faz pão na Eucaristia para a vida do mundo, que deve nortear o itinerário de quem deseja tornar-se padre, ou quem já o é. O amor por Jesus deve ser a explicação do caminhar, a síntese da história de cada um. Este amor deve ser para o padre a chave de compreensão de toda sua vida e de seu empenho pastoral. É este amor que dará forças ao padre para exclamar como Ezequiel; “Andarei à procura da ovelha perdida e reconduzirei ao redil a que se extraviou, carregarei aquela ferida e cuidarei da que está doente”(Ez 34, 16).

         São oportunas as ponderações do papa Bento XVI sobre a escassez de vocações sacerdotais que transcrevo aqui e desejaria fossem lidas à luz do que refleti acima: “A solução para a escassez não se pode encontrar em meros estratagemas pragmáticos; deve-se evitar que os bispos, levados por compreensíveis preocupações funcionais devido à falta de clero, acabem por não realizar um adequado discernimento vocacional, admitindo à formação específica e à ordenação candidatos que não possuam as características necessárias para o serviço sacerdotal. Um clero insuficientemente formado, e admitido à ordenação sem o necessário discernimento, dificilmente poderá oferecer um testemunho capaz de suscitar noutros o desejo de generosa correspondência à vocação de Cristo. Na realidade, a pastoral vocacional deve empenhar a comunidade cristã em todos os seus âmbitos”.
[19]

            Enfim, o desabrochar da vocação sacerdotal e o processo de formação deve ser capaz de introduzir o futuro presbítero na compreensão do dinamismo do amor cristão, o qual consiste em abraçar a causa do amor-serviço como caminho para a liberdade , no seguimento daquele que veio para servir e não para ser servido. É este amor que sustentará o padre quando ele tiver que segurar nas mãos de Jesus e caminhar sozinho com Ele.[20]


[1] Cf. In Iohannis Evangelium Tractatus 123, 5: PL 35, 1967[2] CELAM Doc. de Santo Domingo n. 28[3] DOMINGUEZ, L.M.G., Discernir o chamado, a avaliação vocacional, Paulus, S. Paulo, 2010,p.23[4] VATICANO II, PO n. 11[5] Cf., MANETi, A., Vocacione, psicologia e gazia, Dehoniane, Bologna, 1981[6] CNBB/CNP – Comissão Nacional dos Presbíteros (13º ENP/fev. 2010, documento final): “ENPs, 25 anos, celebrando e fortalecendo a comunhão presbiteral – “Eu me consagro por eles”(Jo 17, 19), Ed. CNBB, 1ª Ed., p. 27[7] BENTO XVI, Verbum Domini, n. 95. Recorde-se também o apelo à missão feito pelos bispos da América Latina e Caribe reunidos em Aparecida onde ressoou o apelo a ser Igreja de discípulos e missionários.[8] Cf. Verbum Domini n. 104[9] Cf. VATICANO II, Dei Verbum n. 24 e BENTO XVI, Verbum Domini n. 31[10] S. JOÃO DA CRUZ, Subida do Monte Carmelo, Livro II – cap. XXII n. 5[11] Cf. VATICANO II, Presbyterorum Ordinis n. 5[12] Idem n. 6[13] BENTO XVI, Sacraementum Caritais, n. 78.[14] IDEM, Verbum Domini, 114[15] Compêndio do Catecismo da Igreja Católica n. 509; cf. tb., CIC ns. 2419 - 2423[16] O papa João Paulo II publicou três grandes encíclicas “sociais”; Laborem exercens, Sollicitudo rei socialis e Centesimus annus. Não deixa de ser tendencioso o gosto em frisar muito a defesa da ortodoxia por parte do papa João Paulo II, esquecendo-se da sua relevância na moral (ortopraxis).[17] PONTIFÍCIO CONSELHO JUSTIÇA E PAZ, Compêndio da Doutrina Social da Igreja,Paulinas, S. Paulo, 2005, p. 298. [18] Cf., Orientações para o estudo e o ensino da Doutrina Social da Igreja na formação sacerdotal, Itipografia Poliglota vaticana, Cidade do Vaticano, 1988. Não podemos esquecer que: “O sacerdote constrói a ponte entre Deus e os homens, mas também as pontes entre os homens”, GRUN A., Ordem, vida sacerdotal, Loyola, S. Paulo, 206, 15.
[19] BENTO XVI, Sacramentum caritatis, n.25; JOÃO PAULO II, pastores Dabo vobis, n. 41[20]TERESA DE CALCUTÁ, in KOLODIEJCHUK, B., Madre Teresa, venha seja minha luz, Thomas Nelson Ed, Rio, 2008, p.25.

23 de fev. de 2011

Notícia - Aumenta número de seminaristas no mundo

Aumenta número de seminaristas no mundo

Anuário Pontifício é apresentado ao Papa

ROMA, terça-feira, 22 de fevereiro de 2011 (ZENIT.org) - Aumenta o número de batizados no mundo (cerca da metade dos católicos vive no continente americano), assim como o de sacerdotes e seminaristas, enquanto se registra uma ligeira diminuição no número de religiosas.
Esta é a informação geral oferecida pelo Anuário Pontifício 2011, apresentado no último sábado a Bento XVI pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado vaticano, e pelo arcebispo Fernando Filoni, substituto da Secretaria de Estado para Assuntos Gerais.
As estatísticas de 2009 oferecem uma visão sintética das principais dinâmicas da Igreja Católica nas 2.956 circunscrições eclesiásticas do mundo: os fiéis batizados no mundo passaram de 1.166 bilhão, em 2008, para 1.181 bilhão, em 2009, com um aumento absoluto de 15 milhões de fiéis e um percentual de 1,3%.
A distribuição de católicos entre os continentes é muito diferente da distribuição da população.
A América, de 2008 a 2009, manteve na população uma incidência constante no total global semelhante a 13,6%, enquanto os católicos (na América) alcançaram, em dois anos, 49,9% do número de católicos no mundo.
Na Ásia, o aumento foi de aproximadamente 10,6%, mas este é significativamente menor que o do continente no que se refere à população mundial (60,7%).
A Europa tem um peso de população inferior de três pontos percentuais da dos EUA, mas sua incidência no mundo católico é de 24%, ou seja, quase a metade da dos países americanos.
Tanto para os países africanos como para os da Oceania, o peso da população com relação ao total é um pouco diferente da dos católicos (15,2 e 0,8%, respectivamente, para a África e a Oceania).
O número de bispos no mundo passou, de 2008 a 2009, de 5.002 a 5.065, com um aumento de 1,3%.
O continente mais dinâmico é o africano (1,8%), seguido pela Oceania (1,5%), enquanto abaixo da média como um todo está a Ásia (0,8%) e a América (1,2%). Na Europa, o aumento foi de cerca de 1,3%.
A população sacerdotal mantém uma taxa de crescimento moderado, inaugurado em 2000, após um longo período de resultados decepcionantes.
O número de sacerdotes, tanto diocesanos como religiosos, aumentou durante os últimos dez anos 1,34% em todo o mundo, passando de 405.178, em 2000, para 410.593, em 2009.
Em especial, em 2009, o número de sacerdotes aumentou 0,34% em relação a 2008.
Este aumento segue uma queda de 0,08% do clero religioso e o aumento de 0,56% do diocesano. A queda percentual afetou apenas a Europa (0,82% para os diocesanos e 0,99% para os religiosos), visto que, em outros continentes, o número de sacerdotes, em geral, aumentou.
Com exceção da Ásia e da África, o clero religioso diminuiu em todos os lugares.
Os diáconos permanentes aumentaram mais de 2,5%, passando de 37.203, em 2008, para 38.155, em 2009.
A presença dos diáconos melhora na Oceania e na Ásia, com ritmos elevados: na Oceania, os diáconos não atingem ainda 1% do total, com 346 unidades, em 2009, e na Ásia registram um aumento de 16%.
Os diáconos também aumentaram em áreas onde sua presença é mais importante quantitativamente. Nos Estados Unidos e na Europa, onde, em 2009, residia cerca de 98% da população total, os diáconos cresceram, respectivamente, de 2,3 a 2,6%.
No entanto, houve uma diminuição entre as religiosas professas. Em 2008, elas eram 739.068 em todo o mundo, reduzindo-se, em 2009, para 729.371.
A crise, portanto, permanece, apesar da África e da Ásia, onde há um aumento.
O número de candidatos ao sacerdócio no mundo subiu 0,82%, passando de 117.024 unidades, em 2008, para 117.978, em 2009. Grande parte do aumento é atribuído à Ásia e à África, com taxas de crescimento de 2,39% e 2,20%, respectivamente. A Europa e a América registraram uma contradição, respectivamente, de 1,64 e 0,17%, no mesmo período.

Fonte: Zenit
Foto: disponível em http://www.cnbb.org.br/

21 de fev. de 2011

Encontros Vocacionais Diocesanos

Quinze jovens participaram do Encontro Vocacional Diocesano

No último dia 20 de fevereiro, no Centro de Pastoral Nossa Senhora do Amparo, aconteceu o primeiro Encontro Vocacional promovido pela Pastoral Vocacional, neste ano de 2011. Os Encontros Vocacionais Diocesanos são direcionados pelo Pe. Anderson Frezzato, Coordenador da Pastoral Vocacional e por Gustavo Miranda da Silva, seminarista do 1º ano de Teologia.
Contou com a presença de 15 jovens vindos de diversas cidades da Diocese de Amparo, como Santo Antonio de Posse, Pedreira, Lindóia, Itapira, Amparo, Serra Negra. Ainda contou com a presença de Dom Pedro Carlos Cipolini, Bispo Diocesano que partilhou sua história vocacional.
Os Encontros acontecem uma ao mês, sempre no terceiro domingo do mês. Os jovens vocacionados freqüentam estes Encontros para terem um discernimento adequado da vocação que Deus os chama. São abordados temas vocacionais e discutidos os sinais de vocação que se direcionam ao Sacramento da Ordem.
Avaliados os sinais de vocação e a resposta a cada um dos vocacionados a estes sinais, contando com a perseverança, eles poderão, mediante aprovação da Pastoral Vocacional e de Dom Pedro Carlos ingressar no Curso Propedêutico Sant’Ana.
Rezem por estes jovens para que possam fazer um bom discernimento vocacional e para que muitos outros descubram o chamado de Deus para o serviço da Igreja e em favor dos irmãos.



19 de fev. de 2011

Reflexão - Vocação Sacerdotal

Reflexão

             VOCAÇÃO SACERDOTAL

A palavra vocação vem nos alertar para um chamado que Deus faz a todos os seus filhos. Um chamado exige alguém que chame e alguém que corresponda.
A vida de todo ser humano é um dom de Deus. “Somos obra de Deus, criados em Cristo Jesus (Ef 2,10). Existimos, vivemos, pensamos, amamos, nos alegramos, sofremos, nos relacionamos, conquistamos nossa liberdade diante do mundo e diante de nós mesmos. Somos criaturas de Deus. Não existe homem que não seja convidado ou chamado por Deus a viver na liberdade, que possa conviver e servir a Deus através do relacionamento fraternal com os outros.
Falar de vocação é sempre algo necessário e desafiador. É necessário porque Deus nunca deixa de chamar pessoas para compartilhar sua intimidade e desafiador porque muitas vezes não damos a devia atenção a esta voz que nos chama.
Deus continua sempre o mesmo e não se cansa de demonstrar sua bondade. Mas no mundo em que vivemos se torna extremamente difícil perceber esta presença e o chamado de Deus. Diante de um mundo cheio de possibilidades e oportunidades, facilmente perdemos a direção. No entanto, em meio a todas essas conturbações, Deus age misteriosamente na simplicidade de nosso dia-a-dia. Deus toca no coração das pessoas para que, livremente, elas disponham de seu tempo e de sua vida para colaborar de forma intensa no serviço de salvação do mundo.
Na Igreja, todos somos iguais por razão da vocação em Cristo, porém, possuímos funções diferentes que supõem vocações na e para a comunidade.
A nossa primeira vocação, à qual todos somos chamados, é a de sermos santos como nosso Pai é Santo. Vocação esta que está intimamente ligada à nossa adoção filial por parte de Deus. Nesse sentido, tudo o que fizermos deverá contribuir para a nossa santificação e a dos outros, quer assumindo uma vocação de especial consagração na vida da Igreja, quer sendo presença dela no mundo perante as várias profissões.
Diante da dimensão do chamado, existem muitos caminhos diferentes: a vocação cristã, de filho, batizado; a vocação laical, ao matrimônio ou a ser solteiro; a vocação ao ministério ordenado, ser sacerdote; e a vocação à vida consagrada, ser religioso.
Para responder ao chamado de Deus não é necessário ser perfeito. É preciso abrir o coração e deixar-se envolver pela graça de Deus que exigirá de nossa parte uma constante conversão.
Um exemplo de chamado que soube testemunhar de maneira particular o amor de Deus é Maria, a Mãe de Jesus. Na dinâmica do chamado de Deus, Maria soube livremente e sem medo entregar sua vida com grande alegria.
O chamado de Cristo tem prioridade. Nenhum interesse humano deve estar acima de Deus. Por isso Jesus diz: “todo aquele que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo”.
Jesus mesmo deixou os seus discípulos encarregados para a edificação da Igreja: “Ide, pois, fazei discípulos meus entre todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19) e assegurou que estará com eles todos os dias, até o fim do mundo. Assim, a Igreja torna-se missionária e evangelizadora, mas, para que essa missão profética se concretize, ela necessita da colaboração de muitos.
Deixando seus padres em meio ao mundo, Jesus declarou que queria fazer deles seus mensageiros e representantes. O padre é, portanto, chamado a ser – mais do que qualquer outro cristão – testemunha da Ressurreição de Cristo. Para sentirmos um pouco da responsabilidade de ser padre pensemos na seguinte frase: Maria trouxe na Terra o Filho de Deus uma vez na História, o padre traz Cristo todos os dias na Santa Missa.
Se, graças aos sacramentos do Batismo e da Crisma, cada cristão é chamado a testemunhar e a anunciar o Evangelho, essa dimensão missionária da Igreja se torna especialmente ligada à vocação sacerdotal.
Antes de tudo, o sacerdote foi escolhido diretamente por Deus, do meio do povo, e Cristo vem nos comprovar isto: “Não fostes vós que me escolhestes; fui eu quem vos escolhi” (Jo 15,16). O sacerdote é chamado a colaborar com a obra da construção do Reino de Deus, apresentada por Cristo. Para isso, o padre deve fazer fielmente o papel de Cristo, estudando-O, copiando-O e imitando-O; essa é a principal tarefa de um sacerdote. O padre é aquele que fala a Deus sobre os homens e fala aos homens sobre Deus; que não tem medo de servir à Igreja como ela quer ser servida; e que vive com alegria o dom recebido pelo Sacramento da Ordem.
Não é suficiente para o padre e nem para o povo de Deus ter o crucifixo sobre a mesa ou na cabeceira da cama se não o tivermos no coração, nos lábios, na consciência e na vida.
Corresponder ao chamado de Cristo supõe enfrentar desafios com prudência e simplicidade e, até mesmo, perseguições. Os sacerdotes não ficam sós para anunciar o Reino dos Céus, mas é o mesmo Jesus que os acompanha: “Quem vos acolhe, a mim acolhe; e quem me acolhe, acolhe aquele que me enviou”.
O que fortaleceu os discípulos e continua fortalecendo os sacerdotes hoje em dia é sempre o amor de Cristo. E é, sem dúvida, esse amor que fará com que o sacerdote se doe inteiramente ao anúncio da palavra de Deus, à administração dos sacramentos, ao serviço dos doentes, dos sofredores, dos pobres, dos que passam por momentos difíceis, enfim, daqueles que necessitam de conforto para seu corpo e alma.
O padre é o homem da Eucaristia e é dela que ele tira forças e coragem para proclamar o Reino de Deus em meio ao mundo. A espiritualidade do padre deve ser muito grande para enfrentar todas as dificuldades surgidas. É neste ponto que o povo de Deus deve, com fervor, rezar pelos padres para que eles possam, a cada dia mais, estar fortificados com as graças de Cristo.
Todo sacerdote deve ensinar e ser testemunha da Verdade de Cristo no meio do mundo, pastoreando e animando a comunidade. Deve também favorecer as pessoas na busca da intimidade com Deus e, é claro, não pode faltar o exercício da caridade.
Enfim, o sacerdote é o espelho de Cristo no mundo e, ao cumprir sua vocação, se sente plenamente realizado, pois a segurança de nossa felicidade está em cumprir a vontade de Deus e aquilo que Ele sonhou para nós.


Texto - Seminarista Rafael Spagire Giron - 2º Ano de Filosofia






13 de fev. de 2011

Retiro dos Seminaristas em Mogi-Mirim

Retiro Espiritual             
     
Retiro dos Seminaristas do Seminário São José





Os quinze seminaristas da Diocese de Amparo que estão no Seminário São José participaram de um Retiro Espiritual que teve como pregador o nosso Bispo diocesano Dom Pedro Carlos Cipolini.
           O retiro aconteceu de 7 a 10 de fevereiro em Mogi Mirim, na casa de retiro Recanto São José, e teve momentos de reflexão e oração, contando com o direcionamento de Dom Pedro Carlos. O retiro também teve a participação do Pe. Anderson Frezzato, Coordenador do curso Propedêutico Sant’Ana, que ministrou um dos momentos de reflexão, além do Frei Antônio Alves da Costa e Hilário Valcaina que ministraram o Sacramento da Reconciliação aos seminaristas. Pe. Tarlei Navarro de Pádua Souza, reitor do Seminário São José, também esteve presente presidindo a missa de abertura na segunda-feira. Na quinta-feira, às 11h. Dom Pedro Carlos, presidiu a missa de encerramento do retiro, que contou também com a presença do Pe. Tarlei Navarro, Pe. Sidney Basaglia, Pe. Pedro Maia Pastana e Pe. Anderson Frezzato.

10 de fev. de 2011

Mensagem do Papa para o 48º Dia Mundial das Vocações

Sobre o tema "Propor as vocações na Igreja local"

Queridos irmãos e irmãs!

             O 48.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que será celebrado no dia 15 de Maio de 2011, IV Domingo de Páscoa, convida-nos a refletir sobre o tema: «Propor as vocações na Igreja local». Há sessenta anos, o Venerável Papa Pio XII instituiu a Pontifícia Obra para as Vocações Sacerdotais. Depois, em muitas dioceses, foram fundadas pelos Bispos obras semelhantes, animadas por sacerdotes e leigos, correspondendo ao convite do Bom Pastor, quando, «ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão por elas, por andarem fatigadas e abatidas como ovelhas sem pastor» e disse: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe» (Mt 9, 36-38).

             A arte de promover e cuidar das vocações encontra um luminoso ponto de referência nas páginas do Evangelho, onde Jesus chama os seus discípulos para O seguir e educa-os com amor e solicitude. Objeto particular da nossa atenção é o modo como Jesus chamou os seus mais íntimos colaboradores a anunciar o Reino de Deus (cf. Lc 10, 9). Para começar, vê-se claramente que o primeiro ato foi a oração por eles: antes de os chamar, Jesus passou a noite sozinho, em oração, à escuta da vontade do Pai (cf. Lc 6, 12), numa elevação interior acima das coisas de todos os dias. A vocação dos discípulos nasce, precisamente, no diálogo íntimo de Jesus com o Pai. As vocações ao ministério sacerdotal e à vida consagrada são fruto, primariamente, de um contacto constante com o Deus vivo e de uma oração insistente que se eleva ao «Dono da messe» quer nas comunidades paroquiais, quer nas famílias cristãs, quer nos cenáculos vocacionais.

              O Senhor, no início da sua vida pública, chamou alguns pescadores, que estavam a trabalhar nas margens do lago da Galileia: «Vinde e segui-Me, e farei de vós pescadores de homens» (Mt 4, 19). Mostrou-lhes a sua missão messiânica com numerosos «sinais», que indicavam o seu amor pelos homens e o dom da misericórdia do Pai; educou-os com a palavra e com a vida, de modo a estarem prontos para ser os continuadores da sua obra de salvação; por fim, «sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai» (Jo 13, 1), confiou-lhes o memorial da sua morte e ressurreição e, antes de subir ao Céu, enviou-os por todo o mundo com este mandato: «Ide, pois, fazer discípulos de todas as nações» (Mt 28, 19).

              A proposta, que Jesus faz às pessoas ao dizer-lhes «Segue-Me!», é exigente e exaltante: convida-as a entrar na sua amizade, a escutar de perto a sua Palavra e a viver com Ele; ensina-lhes a dedicação total a Deus e à propagação do seu Reino, segundo a lei do Evangelho: «Se o grão de trigo cair na terra e não morrer, fica só ele; mas, se morrer, dá muito fruto» (Jo 12, 24); convida-as a sair da sua vontade fechada, da sua ideia de auto-realização, para embrenhar-se noutra vontade, a de Deus, deixando-se guiar por ela; faz-lhes viver em fraternidade, que nasce desta disponibilidade total a Deus (cf. Mt 12, 49-50) e se torna o sinal distintivo da comunidade de Jesus: «O sinal por que todos vos hão-de reconhecer como meus discípulos é terdes amor uns aos outros» (Jo 13, 35).

               Também hoje, o seguimento de Cristo é exigente; significa aprender a ter o olhar fixo em Jesus, a conhecê-Lo intimamente, a escutá-Lo na Palavra e a encontrá-Lo nos Sacramentos; significa aprender a conformar a própria vontade à d'Ele. Trata-se de uma verdadeira e própria escola de formação para quantos se preparam para o ministério sacerdotal e a vida consagrada, sob a orientação das autoridades eclesiásticas competentes. O Senhor não deixa de chamar, em todas as estações da vida, para partilhar a sua missão e servir a Igreja no ministério ordenado e na vida consagrada; e a Igreja «é chamada a proteger este dom, a estimá-lo e amá-lo: ela é responsável pelo nascimento e pela maturação das vocações sacerdotais» (João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, 41). Especialmente neste tempo, em que a voz do Senhor parece sufocada por «outras vozes» e a proposta de O seguir oferecendo a própria vida pode parecer demasiado difícil, cada comunidade cristã, cada fiel, deveria assumir, conscientemente, o compromisso de promover as vocações. É importante encorajar e apoiar aqueles que mostram claros sinais de vocação à vida sacerdotal e à consagração religiosa, de modo que sintam o entusiasmo da comunidade inteira quando dizem o seu «sim» a Deus e à Igreja. Da minha parte, sempre os encorajo como fiz quando escrevi aos que se decidiram entrar no Seminário: «Fizestes bem [em tomar essa decisão], porque os homens sempre terão necessidade de Deus - mesmo na época do predomínio da técnica no mundo e da globalização -, do Deus que Se mostrou a nós em Jesus Cristo e nos reúne na Igreja universal, para aprender, com Ele e por meio d'Ele, a verdadeira vida e manter presentes e tornar eficazes os critérios da verdadeira humanidade» (Carta aos Seminaristas, 18 de Outubro de 2010).

              É preciso que cada Igreja local se torne cada vez mais sensível e atenta à pastoral vocacional, educando a nível familiar, paroquial e associativo, sobretudo os adolescentes e os jovens - como Jesus fez com os discípulos - para maturarem uma amizade genuína e afectuosa com o Senhor, cultivada na oração pessoal e litúrgica; para aprenderem a escuta atenta e frutuosa da Palavra de Deus, através de uma familiaridade crescente com as Sagradas Escrituras; para compreenderem que entrar na vontade de Deus não aniquila nem destrói a pessoa, mas permite descobrir e seguir a verdade mais profunda de si mesmos; para viverem a gratuidade e a fraternidade nas relações com os outros, porque só abrindo-se ao amor de Deus é que se encontra a verdadeira alegria e a plena realização das próprias aspirações. «Propor as vocações na Igreja local» significa ter a coragem de indicar, através de uma pastoral vocacional atenta e adequada, este caminho exigente do seguimento de Cristo, que, rico de sentido, é capaz de envolver toda a vida.

              Dirijo-me particularmente a vós, queridos Irmãos no Episcopado. Para dar continuidade e difusão à vossa missão de salvação em Cristo, «promovam o mais possível as vocações sacerdotais e religiosas, e de modo particular as missionárias» (Decr. Christus Dominus, 15). O Senhor precisa da vossa colaboração, para que o seu chamamento possa chegar aos corações de quem Ele escolheu. Cuidadosamente escolhei os dinamizadores do Centro Diocesano de Vocações, instrumento precioso de promoção e organização da pastoral vocacional e da oração que a sustenta e garante a sua eficácia. Quero também recordar-vos, amados Irmãos Bispos, a solicitude da Igreja universal por uma distribuição equitativa dos sacerdotes no mundo. A vossa disponibilidade face a dioceses com escassez de vocações torna-se uma bênção de Deus para as vossas comunidades e constitui, para os fiéis, o testemunho de um serviço sacerdotal que se abre generosamente às necessidades da Igreja inteira.

              O Concílio Vaticano II recordou, explicitamente, que o «dever de fomentar as vocações pertence a toda a comunidade cristã, que as deve promover sobretudo mediante uma vida plenamente cristã» (Decr. Optatam totius, 2). Por isso, desejo dirigir uma fraterna saudação de especial encorajamento a quantos colaboram de vários modos nas paróquias com os sacerdotes. Em particular, dirijo-me àqueles que podem oferecer a própria contribuição para a pastoral das vocações: os sacerdotes, as famílias, os catequistas, os animadores. Aos sacerdotes recomendo que sejam capazes de dar um testemunho de comunhão com o Bispo e com os outros irmãos no sacerdócio, para garantirem o húmus vital aos novos rebentos de vocações sacerdotais. Que as famílias sejam «animadas pelo espírito de fé, de caridade e piedade» (Ibid., 2), capazes de ajudar os filhos e as filhas a acolherem, com generosidade, o chamamento ao sacerdócio e à vida consagrada. Convictos da sua missão educativa, os catequistas e os animadores das associações católicas e dos movimentos eclesiais «de tal forma procurem cultivar o espírito dos adolescentes a si confiados, que eles possam sentir e seguir de bom grado a vocação divina» (Ibid., 2).

             Queridos irmãos e irmãs, o vosso empenho na promoção e cuidado das vocações adquire plenitude de sentido e de eficácia pastoral, quando se realiza na unidade da Igreja e visa servir a comunhão. É por isso que todos os momentos da vida da comunidade eclesial - a catequese, os encontros de formação, a oração litúrgica, as peregrinações aos santuários - são uma ocasião preciosa para suscitar no Povo de Deus, em particular nos mais pequenos e nos jovens, o sentido de pertença à Igreja e a responsabilidade em responder, com uma opção livre e consciente, ao chamamento para o sacerdócio e a vida consagrada.

              A capacidade de cultivar as vocações é sinal característico da vitalidade de uma Igreja local. Invoquemos, com confiança e insistência, a ajuda da Virgem Maria, para que, seguindo o seu exemplo de acolhimento do plano divino da salvação e com a sua eficaz intercessão, se possa difundir no âmbito de cada comunidade a disponibilidade para dizer «sim» ao Senhor, que não cessa de chamar novos trabalhadores para a sua messe. Com estes votos, de coração concedo a todos a minha Bênção Apostólica.

Vaticano, 15 de Novembro de 2010.

 PAPA BENTO XVI
Fonte: http://www.zenit.org/article-27221?l=portuguese – Acesso em 10/02/2011

9 de fev. de 2011

JOÃO PAULO II

Diante da beatificação de João Paulo II, a 1° de maio, a diocese de Roma inaugurou um portal na internet dedicado ao evento, www.Karol-Wojtyla.org.
O website, disponível em seis idiomas – espanhol, italiano, francês, inglês, polonês e romeno – quer reunir todas as informações sobre o pontífice, sobre a causa de beatificação e sobre as cerimônias e outros eventos ligados à mesma.
O portal oferece ampla documentação sobre o processo de beatificação de João Paulo II, assim como iniciativas que surgem em todo o mundo, e a oração para pedir graças através da intervenção do futuro beato.

Fonte: Zenit

João Paulo II foi o Papa 264 (263 Sucessor de Pedro).

Karol Józef Wojtyła, conhecido como João Paulo II desde sua eleição ao papado em outubro de 1978, nasceu em Wadowice, uma pequena cidade a 50 quilômetros da Cracóvia, a 18 de maio de 1920.
Era o segundo dos filhos de Karol Wojtyła e Emilia Kaczorowska. Sua mãe faleceu em 1929. Seu irmão mais velho, Edmund (médico), morreu em 1932 e seu pai (suboficial do exército), em 1941.
Aos 9 anos fez a Primeira Comunhão, e aos 18 recebeu a Confirmação. Terminados os estudos de ensino médio na escola Marcin Wadowita de Wadowice, matriculouse em 1938 na Universidade Jagelônica da Cracóvia e em uma escola de teatro.
Quando as forças de ocupação nazista fecharam a Universidade, em 1939, o jovem Karol teve de trabalhar em uma pedreira e logo em uma fábrica química (Solvay), para ganhar a vida e evitar a deportação para a Alemanha.
A partir de 1942, ao sentir a vocação ao sacerdócio, seguiu as aulas de formação do seminário clandestino da Cracóvia, dirigido pelo Arcebispo da Cracóvia, Cardeal Adam Stefan Sapieha. Ao mesmo tempo, foi um dos promotores do «Teatro Rapsódico», também clandestino.
Após a Segunda Guerra Mundial, continuou seus estudos no seminário maior da Cracóvia, novamente aberto, e na Faculdade de Teologia da Universidade Jagelônica, até sua ordenação sacerdotal na Cracóvia a 1 de novembro de 1946. Seguidamente, foi enviado pelo Cardeal Sapieha a Roma, onde, sob a direção do dominicano francês Garrigou-Lagrange, doutorou-se em 1948 em teologia, com uma tese sobre o tema da fé nas obras de São João da Cruz. Naquele período, aproveitou suas férias para exercer o ministério pastoral entre os imigrantes poloneses da França, Bélgica e Holanda.
Em 1948 voltou à Polônia e foi vigário em diversas paróquias da Cracóvia e capelão dos universitários até 1951, quando reiniciou seus estudos filosóficos e teológicos. Em 1953, apresentou na Universidade Católica de Lublin uma tese titulada «Avaliação da possibilidade de fundar uma ética católica sobre a base do sistema ético de Max Scheler». Depois passou a ser professor de Teologia Moral e Ética Social no seminário maior da Cracóvia e na faculdade de Teologia de Lublin.
Em 4 de julho de 1958, foi nomeado por Pio XII Bispo Auxiliar da Cracóvia. Recebeu a ordenação episcopal em 28 de setembro de 1958 na catedral de Wawel (Cracóvia), das mãos do Arcebispo Eugeniusz Baziak. Em 13 de janeiro de 1964, foi nomeado Arcebispo da Cracóvia por Paulo VI, que o fez cardeal em 26 de junho de 1967.
Além de participar do Concílio Vaticano II (1962-65), com uma contribuição importante na elaboração da constituição «Gaudium et spes», o Cardeal Wojtyła tomou parte em todas as assembléias do Sínodo dos Bispos.
Desde o começo de seu pontificado, em 16 de outubro de 1978, o Papa João Paulo II realizou 104 viagens pastorais fora da Itália, e 146 pelo interior desse país.
Também, como Bispo de Roma visitou 317 das 333 paróquias romanas. Entre seus documentos principais se incluem: 14 Encíclicas, 15 Exortações apostólicas, 11 Constituições apostólicas e 45 Cartas apostólicas.
O Papa também publicou cinco livros: «Cruzando o limiar da esperança» (outubro de 1994); «Dom e mistério: no qüinquagésimo aniversário de minha ordenação sacerdotal» (novembro de 1996); «Tríptico romano – Meditações», livro de poesias (Março de 2003); «Levantai-vos! Vamos!» (maio de 2004) e «Memória e identidade» (fevereiro de 2005).
João Paulo II presidiu 147 cerimônias de beatificação - nas quais proclamou 1338 beatos - e 51 canonizações, com um total de 482 santos. Celebrou 9 consistórios, durante os quais criou 231 (além de 1 «in pectore») Cardeais. Também presidiu 6 assembléias plenárias do Colégio Cardinalício.
Presidiu 15 Assembléias do Sínodo dos Bispos: 6 ordinárias (1980, 1983, 1987, 1990, 1994, 2001), 1 geral extraordinária (1985), e 8 especiais (1980, 1991, 1994, 1995, 1997, 1998 [2] e 1999).
Nenhum outro Papa encontrou-se com tantas pessoas como João Paulo II: em números, mais de 17.600.100 peregrinos participaram das mais de 1160 Audiências Gerais que se celebram nas quartas-feiras. Esse número não inclui as outras audiências especiais e as cerimônias religiosas [mais de 8 milhões de peregrinos durante o Grande Jubileu do ano 2000] e os milhões de fiéis que o Papa encontrou durante as visitas pastorais efetuadas na Itália e no restante do mundo. Devem-se recordar também as numerosas personalidades de governo com as quais manteve encontros durante 38 visitas oficiais e as 738 audiências ou encontros com chefes de Estado e 246 audiências e encontros com primeiros-ministros.

João Paulo II, faleceu no dia 2 de abril, às 21:37 horas (horário de Roma). Seu pontificado, de quase 27 anos, foi o terceiro mais longo da história da Igreja.

4 de fev. de 2011

Carta aos Presbíteros

                  CARTA AOS PRESBÍTEROS DA CONGREGAÇÃO PARA O CLERO.


          Você poderá encontrar, na íntegra, a Carta Circular da Cogregação para o Clero, com título: "A IDENTIDADE MISSIONÁRIA DO PRESBÍTERO NA IGREJA COMO DIMENSÃO INTRÍNSECA DO EXERCÍCIO DOS TRIA MUNERA", no seguinte link:
http://www.zenit.org/article-27162?l=portuguese

Fonte: www. zenit.org.br - Acesso em 4/02/2011
Imagem dispnível em: www. clerus.org - Acesso em 4/02/2011

Espiritualidade

 Escrito pelo Seminarista Gustavo Miranda - 1º Teologia

  “ Nisto sabemos o que é o amor: Jesus deu a vida por nós. Portanto, também nós devemos dar a   vida pelos irmãos”     I Jo 3,16

“Compreendi que o Amor englobava todas as vocações, que o Amor era tudo...”(Santa Terezinha). Quando falamos sobre vocação logo imaginamos que este chamado é um status, algo que irá engrandecer esta pessoa, ilusório. Corresponder à vocação seja ela matrimonial, religiosa ou sacerdotal, é uma atitude de amor. De amor a Deus que nos chama, amor ao Reino e amor ao povo ao qual Deus mesmo nos confia.
 Dentro da vocação matrimonial o amor se faz presente não somente entre o casal, mas este amor vai além, pois como leigos também são chamados a serem construtores do Reino, tornando-se discípulos e missionários como muito bem nos lembra o Documento de Aparecida “Os leigos também são chamados a participar na ação pastoral da Igreja, primeiro com o testemunho de vida e, em segundo lugar, com ações no campo da evangelização, da vida litúrgica e outras formas de apostolado, segundo as necessidades locais, sob a guia de seus pastores. Estes estarão dispostos a abrir para eles espaços de participação e confiar-lhes ministérios e responsabilidades em uma Igreja, onde todos vivam de maneira responsável, seu compromisso cristão. Aos catequistas, ministros da Palavra e animadores de comunidades que cumprem magnífica tarefa dentro da Igreja, os reconhecemos e animamos a continuarem o compromisso que adquiriram no Batismo e na Confirmação”.
Os religiosos e os sacerdotes também correspondem a esse amor nos seus diversos carismas e funções dentro da dinâmica pastoral da Igreja. Esses, muitas vezes, levam o conforto de Deus a muitos lugares, locais que muitas vezes são esquecidos até mesmo pelas autoridades responsáveis. Porém, corresponder ao chamado de Deus não é se tornar uma pessoa útil, utilidade esta que nos dias atuais envolve nossa sociedade. Uma pessoa enferma ou idosa pode corresponder do mesmo modo à sua vocação. Neste sentido, em uma homilia, nosso bispo Dom Pedro Carlos nos recorda que “A uns Deus santifica pela grandeza de seus dons, virtudes e grandes feitos, a outros, Deus santifica através de suas fragilidades, suas dificuldades. Quantas vezes a santidade é muito mais uma descida que uma subida? Uma descida ao labirinto de nossas contingências humanas. Mas no final, se perseverarmos na fé, dia após dia, deveremos exclamar: tudo é graça! Jesus associa-nos à sua paixão não somente através dos dons místicos, mas também através de nossas fragilidades, tanto físicas como psíquicas. Nunca sabemos que tipo de coroa o Senhor nos coloca  na fronte, pode ser a de espinhos. É preciso então ter a coragem de assumir a própria fraqueza, a coragem de assumir os próprios limites e dúvidas, enfim, assumir a condição humana como meio de nossa santificação. S. Paulo, ao atingir a humildade como  o último degrau da sabedoria, escreve nesta perspectiva: “Por isto, eu me comprazo nas fraquezas, nos opróbrios, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por causa de Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte (2Cor 12,10)”.
Há ainda dentro da dinâmica da vida religiosa uma vertente que contradiz toda questão do utilitarismo de nossa sociedade. A vida contemplativa dentro das clausuras ou dos mosteiros contradiz este sentido utilitarista que a sociedade muitas vezes olha sobre um sacerdote, uma religiosa ou religioso. Na construção do Reino, Reino este que é escatológico, não é necessário um sacerdote se tornar um coordenador de bairro ou uma religiosa uma revolucionária, mas antes de mais nada é necessário que ao corresponder a nossa vocação ela se torne uma pessoa de oração. Neste sentido o futuro beato João Paulo II em sua exortação Apostólica Pós-sinodal Pastores Dabo Vobis nos fala: “A própria vida dos padres, a sua dedicação incondicional ao rebanho de Deus, o seu testemunho de amoroso serviço ao Senhor e à sua Igreja – testemunho assinalado pela opção da cruz acolhida na esperança e na alegria pascal –, a sua concórdia fraterna e o seu zelo pela evangelização do mundo são o primeiro e mais persuasivo fator de fecundidade vocacional”
Quando olhamos uma catedral nunca imaginamos que por detrás de suas belas pinturas há um alicerce, uma estrutura que a deixa em pé. Esta “estrutura” dentro da Igreja é feita por pessoas que muitas vezes passam despercebidas diante de nossos olhos. Essas pessoas muitas vezes são doentes que em seus leitos de dor oferecem todos seus sofrimentos pela santificação do clero ou pela salvação das almas, ou ainda, Irmãs religiosas que oferecem toda sua vida vivendo dentro das clausuras em suas vidas de profunda contemplação. Nosso Papa Bento XVI nos recorda que “Os mosteiros de vida contemplativa, aparentemente inúteis são, ao contrário, como os “pulmões” verdes de uma cidade” .
Ao falar de vocação, sempre surge uma pergunta: como descobrir minha vocação? O Senhor não manda carta, nem e-mail, nos falando qual é nossa vocação. Descobrimos nossa vocação através de nossa vida de oração, ou do um testemunho de algum padre ou lendo a vida de algum santo. Deus tem suas maneiras de nos mostrar sua vontade. Perante a vocação sacerdotal nos lembra o Santo Padre Bento XVI em sua mensagem para o 47º dia mundial de oração pelas vocações: Elemento fundamental e reconhecível de toda vocação ao sacerdócio e à consagração é a amizade com Cristo. Jesus vivia em constante união com o Pai, e é isto que suscitava nos discípulos o desejo de viver a mesma experiência, aprendendo com Ele a comunhão e o diálogo incessante com Deus. Se o sacerdote é o “homem de Deus”, que pertence a Deus e ajuda a torná-lo conhecido e ser amado, não pode deixar de cultivar uma profunda intimidade com Ele, permanecer no seu amor, escutando sua Palavra. A oração é o primeiro testemunho que suscita vocações. Como o apóstolo André, que comunica ao irmão ter conhecido o Mestre, igualmente quem deseja ser discípulo e testemunha de Cristo deve tê-lo “visto” pessoalmente, deve tê-lo conhecido, deve ter aprendido a amá-lo e a estar com Ele”.
Neste sentido  fica claro a importância da oração perante a nossa vocação. Nossa resposta vocacional não é constituída por apenas um sim, nossa resposta vocacional engloba dizer vários “sim” à vontade de Deus. Pois esta resposta é constante e diária. A vida de oração nos leva à perseverança, perseverança esta que nos coloca a caminhar solidamente sobre as alegrias e tristezas de nossas vidas. Perseverar é mostrar para o mundo o quanto é bom estar inserido e colaborando na construção do Reino. Sendo assim o Papa João Paulo II em sua exortação Apostólica Pós-sinodal Pastores Dabo Vobis nos lembra que: “No seguimento de Jesus, todo chamado à vida de especial consagração deve esforçar-se para testemunhar o dom total de si a Deus. Em seguida, nasce a capacidade de doação aos que a Providência lhe confia no ministério pastoral, com dedicação plena, contínua e fiel, e com a alegria de se tornar companheiro de viagem de tantos irmãos, para que se abram ao encontro com Cristo e sua Palavra torne-se luz para o seu caminho. A história de toda vocação está interligada, quase sempre, com o testemunho de um sacerdote que vive com alegria o dom de si mesmo aos irmãos pelo Reino dos Céus. Isto porque a proximidade e a palavra de um padre são capazes de fazer despertar interrogações e de conduzir mesmo à decisões definitivas”.
“Ó Jesus, meu Amor... minha vocação, enfim, eu a encontrei, minha vocação é o Amor!”(Santa Terezinha). Amor este que nos coloca verdadeiramente diante das necessidades daqueles que mais precisam, dos mais miseráveis dos miseráveis, assim nos lembra São Gaspar Bertoni: “Devemos desacostumar-nos de fazer a nossa própria vontade e tudo realizar como que movidos pela vontade de Deus, a fim de agradar-lhe e honrá-lo”. Este amor serviço e não sentimentalista nos leva a sermos sinais de misericórdia em um mundo que deixou perder o sentido do serviço ao próximo e a construção do Reino de Deus. Sendo assim ao corresponder nossa vocação precisamos dizer as mesmas palavras de São Genésio ao ser torturado : “Outro Senhor não há no mundo, a não ser Jesus Cristo. A Ele adoro e quero servir, por ele quero morrer mil vezes. Não há martírio que possa arrancar do meu coração o amor a Jesus Cristo”.

Foto . Arquivo pessoal