19 de fev. de 2011

Reflexão - Vocação Sacerdotal

Reflexão

             VOCAÇÃO SACERDOTAL

A palavra vocação vem nos alertar para um chamado que Deus faz a todos os seus filhos. Um chamado exige alguém que chame e alguém que corresponda.
A vida de todo ser humano é um dom de Deus. “Somos obra de Deus, criados em Cristo Jesus (Ef 2,10). Existimos, vivemos, pensamos, amamos, nos alegramos, sofremos, nos relacionamos, conquistamos nossa liberdade diante do mundo e diante de nós mesmos. Somos criaturas de Deus. Não existe homem que não seja convidado ou chamado por Deus a viver na liberdade, que possa conviver e servir a Deus através do relacionamento fraternal com os outros.
Falar de vocação é sempre algo necessário e desafiador. É necessário porque Deus nunca deixa de chamar pessoas para compartilhar sua intimidade e desafiador porque muitas vezes não damos a devia atenção a esta voz que nos chama.
Deus continua sempre o mesmo e não se cansa de demonstrar sua bondade. Mas no mundo em que vivemos se torna extremamente difícil perceber esta presença e o chamado de Deus. Diante de um mundo cheio de possibilidades e oportunidades, facilmente perdemos a direção. No entanto, em meio a todas essas conturbações, Deus age misteriosamente na simplicidade de nosso dia-a-dia. Deus toca no coração das pessoas para que, livremente, elas disponham de seu tempo e de sua vida para colaborar de forma intensa no serviço de salvação do mundo.
Na Igreja, todos somos iguais por razão da vocação em Cristo, porém, possuímos funções diferentes que supõem vocações na e para a comunidade.
A nossa primeira vocação, à qual todos somos chamados, é a de sermos santos como nosso Pai é Santo. Vocação esta que está intimamente ligada à nossa adoção filial por parte de Deus. Nesse sentido, tudo o que fizermos deverá contribuir para a nossa santificação e a dos outros, quer assumindo uma vocação de especial consagração na vida da Igreja, quer sendo presença dela no mundo perante as várias profissões.
Diante da dimensão do chamado, existem muitos caminhos diferentes: a vocação cristã, de filho, batizado; a vocação laical, ao matrimônio ou a ser solteiro; a vocação ao ministério ordenado, ser sacerdote; e a vocação à vida consagrada, ser religioso.
Para responder ao chamado de Deus não é necessário ser perfeito. É preciso abrir o coração e deixar-se envolver pela graça de Deus que exigirá de nossa parte uma constante conversão.
Um exemplo de chamado que soube testemunhar de maneira particular o amor de Deus é Maria, a Mãe de Jesus. Na dinâmica do chamado de Deus, Maria soube livremente e sem medo entregar sua vida com grande alegria.
O chamado de Cristo tem prioridade. Nenhum interesse humano deve estar acima de Deus. Por isso Jesus diz: “todo aquele que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo”.
Jesus mesmo deixou os seus discípulos encarregados para a edificação da Igreja: “Ide, pois, fazei discípulos meus entre todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19) e assegurou que estará com eles todos os dias, até o fim do mundo. Assim, a Igreja torna-se missionária e evangelizadora, mas, para que essa missão profética se concretize, ela necessita da colaboração de muitos.
Deixando seus padres em meio ao mundo, Jesus declarou que queria fazer deles seus mensageiros e representantes. O padre é, portanto, chamado a ser – mais do que qualquer outro cristão – testemunha da Ressurreição de Cristo. Para sentirmos um pouco da responsabilidade de ser padre pensemos na seguinte frase: Maria trouxe na Terra o Filho de Deus uma vez na História, o padre traz Cristo todos os dias na Santa Missa.
Se, graças aos sacramentos do Batismo e da Crisma, cada cristão é chamado a testemunhar e a anunciar o Evangelho, essa dimensão missionária da Igreja se torna especialmente ligada à vocação sacerdotal.
Antes de tudo, o sacerdote foi escolhido diretamente por Deus, do meio do povo, e Cristo vem nos comprovar isto: “Não fostes vós que me escolhestes; fui eu quem vos escolhi” (Jo 15,16). O sacerdote é chamado a colaborar com a obra da construção do Reino de Deus, apresentada por Cristo. Para isso, o padre deve fazer fielmente o papel de Cristo, estudando-O, copiando-O e imitando-O; essa é a principal tarefa de um sacerdote. O padre é aquele que fala a Deus sobre os homens e fala aos homens sobre Deus; que não tem medo de servir à Igreja como ela quer ser servida; e que vive com alegria o dom recebido pelo Sacramento da Ordem.
Não é suficiente para o padre e nem para o povo de Deus ter o crucifixo sobre a mesa ou na cabeceira da cama se não o tivermos no coração, nos lábios, na consciência e na vida.
Corresponder ao chamado de Cristo supõe enfrentar desafios com prudência e simplicidade e, até mesmo, perseguições. Os sacerdotes não ficam sós para anunciar o Reino dos Céus, mas é o mesmo Jesus que os acompanha: “Quem vos acolhe, a mim acolhe; e quem me acolhe, acolhe aquele que me enviou”.
O que fortaleceu os discípulos e continua fortalecendo os sacerdotes hoje em dia é sempre o amor de Cristo. E é, sem dúvida, esse amor que fará com que o sacerdote se doe inteiramente ao anúncio da palavra de Deus, à administração dos sacramentos, ao serviço dos doentes, dos sofredores, dos pobres, dos que passam por momentos difíceis, enfim, daqueles que necessitam de conforto para seu corpo e alma.
O padre é o homem da Eucaristia e é dela que ele tira forças e coragem para proclamar o Reino de Deus em meio ao mundo. A espiritualidade do padre deve ser muito grande para enfrentar todas as dificuldades surgidas. É neste ponto que o povo de Deus deve, com fervor, rezar pelos padres para que eles possam, a cada dia mais, estar fortificados com as graças de Cristo.
Todo sacerdote deve ensinar e ser testemunha da Verdade de Cristo no meio do mundo, pastoreando e animando a comunidade. Deve também favorecer as pessoas na busca da intimidade com Deus e, é claro, não pode faltar o exercício da caridade.
Enfim, o sacerdote é o espelho de Cristo no mundo e, ao cumprir sua vocação, se sente plenamente realizado, pois a segurança de nossa felicidade está em cumprir a vontade de Deus e aquilo que Ele sonhou para nós.


Texto - Seminarista Rafael Spagire Giron - 2º Ano de Filosofia






Um comentário:

  1. Rafa parabéns...ótima reflexão!! Deus conta conosco, vasos de argila para carregar algo tão precioso: a vocação sacerdotal!!

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